Em reunião conjunta entre a Comissão de Educação e Cultura (CEC) e de Agropecuária e Política Rural (CAPR), sob a presidência dos deputados Anderson do Singeperon (Pros) e Lazinho da Fetagro (PT) foram ouvidas a diretora da Escola Tiradentes de Porto Velho e a secretária da Educação, Angélica Aires.
O deputado Anderson lembrou que a Comissão recebeu denúncias de assédio moral a uma professora da escola Tiradentes (Etpmro) e sobre outras questões desde que a nova diretora assumiu.
A nova diretora da Escola Tiradentes I, capitã Érika Ossussi afirmou que iniciou há duas semanas e que está em fase de reconhecimento e que sua missão é trabalhar para que o colégio continue em sua missão e avance, ainda mais.
Em conversa com os professores a diretora disse que iria observar o funcionamento da escola e na segunda semana reunir novamente. Afirmou que se devolve professor por duas maneiras, sendo uma por excedente ou por questões internas e aí através de relatório a Seduc, dentro da legalidade.
“Por ser oficial de carreira jamais cometeria uma ilegalidade, mas também jamais deixaria de fazer minha função por medo ou por negligência. O que tiver de fazer eu faço”, declarou a diretora.
Esclareceu que, através de relatório, devolveu a professora a Seduc, sendo que está lotada em outra escola e que realizou reunião com os pais dos alunos onde tudo foi explicado e esclarecido.
O deputado Anderson questionou sobre a desorganização da escola, sem cumprimento de horários.
Ossussi disse que tudo o que está fazendo não é novo e que não criou nada. “A Polícia Militar está lá para cumprir a missão de oferecer um sistema de educação diferenciado, disciplinar, modelo militar e um dos quesitos em que observamos é o cumprimento do regimento o qual se refere a cumprimento de horários”, destacou.
O deputado Adelino Follador (DEM) elogiou o trabalho da capitã Ossussi desde a escola de Jacy-Paraná. Ressaltou o orgulho das crianças em estudar na escola, em tudo o que ela mudou para melhor e que ela não tem muito mais o que provar, pois já demonstrou sua competência ao administrar aquela unidade de ensino.
A coordenadora pedagógica da Escola Tiradentes I, Maria de Fátima Silva, disse que está na escola há oito anos e que o Colégio está moldado em disciplina militar. Destacou que a capitã teve de mudar um pouco a questão da disciplina, pois este é o diferencial.
“Ninguém é obrigado a estar em uma escola que não quer. Não posso chegar a uma escola e querer que ela se adapte ao aluno. Tem que o aluno se adaptar ao regime disciplinar. Se não se adapta, mude de escola” enfatizou a Fátima.
Frisou que hoje a sala da diretora é aberta para que todos possam entrar algo que nunca havia acontecido, e que desde que chegou nunca se negou a receber alguém. Finalizou afirmando que o maior problema era a questão de horário e quando a capitã cobrou esta disciplina de alguns professores estes foram desrespeitosos para com a diretora.
O deputado Lazinho da Fetagro (PT) disse que tem suas restrições quanto à militarização de escolas, mas que a Tiradentes é militar desde o princípio e quanto a isso não tem o que questionar. “Se o aluno não se adapta, que peça para sair”.
O deputado Ribamar Araújo (PR) reforçou que ninguém é obrigado a estar numa escola militar. Nem aluno ou professor. O diferencial é a disciplina militar. “Por mim não tem o que discutir e este sensacionalismo, que veiculou em algumas mídias é exagero e falta de profissionalismo de alguns setores”.
A deputada Rosangela Donadon (PDT) parabenizou Ossussi pelo trabalho em Jacy-Paraná e agradeceu ao apoio durante o processo de militarização da escola em Vilhena, que hoje está em pleno funcionamento com regime disciplinar diferenciado.
A secretária de Educação, Angélica Aires, disse que a capitã possui total apoio da Seduc pelo que já demonstrou em todo a sua trajetória dentro da educação, em especial na escola de Jacy-Paraná.
“A diretora simplesmente está cumprindo com o regimento interno que é o documento máximo, que rege as diretrizes da escola. O profissional da educação tem de se adaptar ao modelo de educação da escola em que ele trabalha”, frisou.
O deputado Jesuíno Boabaid (PMN) disse apoiar a diretora pelo processo disciplinar e que por ele mais escolas seriam militarizadas. E que por confiar no modelo, seus dois filhos estudam na escola Tiradentes.
Mediação tecnológica
O deputado Lazinho lembrou a secretária Angélica que sempre se posicionou contrário a mediação tecnológica, que é um dos temas que pede seja esclarecido, bem como a questão da instalação de containers em escolas.
Angélica Aires falou sobre a mediação tecnológica, que iniciou em 2016 e que está em construção, sendo aperfeiçoado. Em termos pedagógicos o nível está satisfatório, com aula em estúdio atingindo seus propósitos, sendo reconhecido em nível Brasil.
Em relação a internet que era o grande problema a empresa Oi! já foi contratada, afirmou Angélica e que o sinal alcançará todo Estado, incluindo aldeias indígenas. “Até o final de julho estará tudo consolidado”.
Quanto aos equipamentos aos alunos, estes já foram adquiridos e serão entregues os notebooks aos alunos, para poder rever a aula quantas vezes forem necessárias já em suas casas, afirmou a secretária.
Segundo Angélica, o aproveitamento pelas estatísticas é bom, melhor até que o do modelo tradicional. “É um modelo que não tem como retroceder” destacou. Lembrou ao deputado Lazinho que há divergências de idéias, “mas não somos inimigos e temos de caminhar em conjunto para aperfeiçoar o modelo”, finalizou.
Lazinho disse que irá aguardar até o fim de julho, pois até hoje tem visto aulas em pen drive, não está ocorrendo interatividade, tem recebido denúncia de “hackeamento” de provas. “Confio no trabalho da Seduc e peço para que visitem todas as escolas e façam levantamento isento para que a educação possa efetivamente funcionar”.
Sobre as unidades móveis (containers), Angélica explicou que há muito preconceito, mas são confortáveis e bem instaladas e atendem a uma emergência enquanto o Estado constrói a unidade convencional. Em Machadinho disse que teve de montar praticamente uma escola, através de unidades modulares.
A engenheira da Seduc, Josiane Faustino, disse que uma sala completa com ar-condicionado, móveis e tudo o mais, custa ao Estado cerca de R$ 1.100,00 ao mês, sendo mais barato que um imóvel comum alugado em caráter emergencial para atender ao interesse do Estado. “O uso é transitório, emergencial até que seja construída a escola convencional, através de processo licitatório”, destacou Josiane.
A engenheira também informou que o Estado atende cerca de 40 comunidades com o mínimo de duas salas, enquanto a licitação da construção é desenvolvida.
A secretária Angélica finalizou a reunião lembrando que Rondônia é pioneira no investimento na educação no campo.